
Mesmo com proporções tão gigantescas, O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei triunfa por ser, acima de tudo, um filme sobre seus personagens. Sean Astin é quem realmente se destaca como Samwise Gamgee, companheiro de Frodo e sua única ligação com o mundo longe das trevas envenenadas pelo Anel. Seu desespero ante as maquinações de Gollum e as decisões deturpadas de Frodo são de partir o coração – assim como a coragem do pequeno hobbit perante desafios maiores que a vida. E, apesar de parecer repetição, Andy Serkis faz um trabalho estupendo como Gollum. Se em As Duas Torres a criatura via sua mente lentamente se espatifar em duas, aqui é claro que a personalidade viciada no Um Anel controla os ecos de Sméagol como a uma marionete – não existe mais um ser digital, mas de carne e osso, com uma humanidade insuspeita.
O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei foi uma despedida ao mesmo tempo alegre e melancólica, que encerra a jornada de seus personagens com brilho, porém sem nunca escorregar para o pieguismo fácil. Quando as lágrimas da platéia brotam – e, acredite, elas não serão poucas –, o motivo não é só o que acontece na tela, mas também a certeza de que a saga de Frodo, Sam, Aragorn, Gandalf, Legolas e tantos outros que aprendemos a respeitar nos úl-timos anos, chegou ao fim.
Sinopse: O Senhor dos Anéis – O Retorno do Rei foi o mais assustador da trilogia, com cenas de gelar o sangue e demonstrações tão explícitas de crueldade e insanidade que farão você se contorcer. A primeira cena já nos dá idéia do que esperar. Em flashback, somos levados a uma tarde bucólica no Condado, quando dois hobbits, os primos Déagol e Sméagol estão pescando na tranqüilidade de um rio. O primeiro cai na água e emerge com um achado – um anel dourado, aparentemente simples. Sméagol coloca os olhos na peça e se mostra capaz de tudo para possuí-la, inclusive matar o primo. Expulso de sua aldeia, ele se refugia nas cavernas, e com os anos também se despede de sua humanidade. Ele torna-se Gollum.
Logo em seguida voltamos ao ponto em que terminou As Duas Torres, com Gollum conduzindo Frodo e Sam para a Montanha da Perdição – ou, como a criatura definiu com um sorriso e uma observação, para a morte certa. Paralelamente, Aragorn, Gandalf e seus aliados partem para a cidade de Minas Tirith, capital do reino de Gondor, para a última batalha contra os exércitos de Sauron – que vai definir o destino dos homens e o futuro da Terra-Média. A escala de O Retorno do Rei é inimaginável, e seria muito fácil para Peter Jackson se perder ante tantas linhas narrativas. Mas ele mostra total domínio de seu ofício, equilibrando todos os pontos do roteiro enxuto, que inclui um exército de mortos; a batalha de Sam com a aranha gigante Laracna, de longe a cena mais tensa e assustadora da trilogia; o último foco de resistência do exército de Gondor às portas de Mordor; e o clímax que revela o destino do Um Anel no limiar das chamas que o forjaram.
fonte: www.setonline.com.br