Guerra dos Mundos


O mundo vai acabar!!! Um dos cineastas mais criativos das últimas décadas se rendeu à febre das refilmagens. Steven Spielberg se uniu novamente a Tom Cruise (a dupla trabalhou junto em Minority Report), e reformulou o clássico da ficção científica de autoria de H.G. Wells (o mesmo de A Máquina do Tempo) que mostra a raça humana frente a frente e a uma invasão marciana. A história foi parar no rádio (na famosa transmissão que Orson Welles fez na década de 30), virou longa-metragem nos anos 50 e até série de televisão. Este Guerra dos Mundos é divertido, tem bom ritmo, sustos e, apesar de alguns escorregões feios no roteiro, é um filme-catástrofe legal.
A principal virtude de Guerra dos Mundos está na narrativa. Tal narrativa que, ao mesmo tempo, se torna o seu maior defeito. Explico: apesar das aparentes comparações com Independence Day, a real pedra no sapato de Spielberg chama-se Sinais, o longa dirigido por M. Night Shyamalan - justamente um de seus fãs mais notáveis. A idéia é a mesma: mostrar uma invasão alienígena pelos olhos de uma família - aqui no caso o relapso pai Ray Ferrier (Cruise) e seus dois filhos (interpretados pela garota prodígio Dakota Fanning e o desconhecido Justin Chatwin). Com premissa semelhante, Shyamalan realizou uma caprichada mistura das referências (inclusive Guerra dos Mundos), dispensou efeitos especiais grandiosos e criou uma experiência claustrofóbica que, se não chegava a ser aterrorizante, era bastante perturbadora. Spielberg fez igual, só que acrescentou cenas de ação de arrancar gritos do público. O resultado enche os olhos, mas perde parte de seu impacto pelas semelhanças com o trabalho do indiano.
Separado da mulher Mary Ann (Miranda Otto, da saga O Senhor dos Anéis), Cruise interpreta um sujeito longe de ser um modelo heróico. Pelo contrário, quando ele percebe as intenções dos alienígenas, é o primeiro a dar no pé junto com os filhos. O filme acompanha essa fuga, na qual o personagem cruza com pessoas desesperadas e incomuns (como Tim Robbins, que aparece só na segunda metade do longa). Pena que Spielberg ainda apele para certas pieguices em horas marcantes. Repare na curiosa referência que o diretor rende justamente a Shyamalan. Em uma das cenas, Cruise caminha são e salvo por entre destroços de um avião que acabou de cair. Uma repórter o vê e pergunta: "Você estava no avião?". Ouvindo a resposta negativa, ela completa: "Se estivesse, isso renderia uma boa história". Alguém disse Corpo Fechado? Parece até uma homenagem do mestre ao aluno.

fonte: www.setonline.com.br
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abcs